EM BUSCA DA BONDADE DE DEUS
“A bondade é uma linguagem que o surdo consegue ouvir e o cego consegue ler.”
Mark Twain
Certo dia chegou em minha residência uma mãe aflita em busca de oração para um filho que estava próximo da morte. Eu não posso negar que resisti por alguns momentos seu apelo, pois inúmeras vezes o havia convidado para visitar nossa igreja, e o mesmo recusou preferindo a porta de um bar. No entanto, minha esposa vendo as lágrimas daquela mãe, insistiu: Nildo! Vá orar por ele, é o pedido de alguém em desespero!
Sem hesitar, rumei em direção ao quarto pequeno e sem conforto, a fim de rogar a Deus pela vida daquele moribundo, o qual ao ouvir a Palavra de Cristo, arrependeu-se de seus pecados, para alegria nossa e glória de Deus. Infelizmente ele não alcançou a cura de sua enfermidade, pois esta não foi à vontade de Deus, contudo, adquiriu a salvação ainda em vida.
Esta ilustração está alinhada com a exortação do apóstolo Paulo aos Gálatas:
“E não nos cansemos de fazer o bem.” Gl. 6:9
É de todo interessante ressaltar que o homem foi criado essencialmente bom, porém com o advento da queda, esse atributo ficou comprometido. Tenho a impressão de que o Senhor Jesus ao responder as perguntas do jovem rico levou em consideração o estado caído da criatura humana, ao afirmar:
“Ninguém há bom, senão um, que é Deus.” Lc. 18:18-23
Entretanto, esse homem ajudado pelo Espírito Santo, é capaz de buscar praticar a bondade, ainda que esta seja um ideal a ser conquistado todos os dias.
O apóstolo Pedro chegou a afirmar que devemos nos empenhar para acrescentar a esta bondade infatigável a fé, e prosseguirmos crescendo na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Acredito que a abnegação e o altruísmo do bom samaritano é um ótimo exemplo neste particular, demonstrando como alguém pode quebrar sua agenda em favor do semelhante e transformar histórias de morte em vida.
Lamentavelmente os religiosos deste tempo agem como o sacerdote e o levita da parábola, saltam por cima dos feridos e caídos da existência, entronizam a tradição, que destaca e valoriza as praticas e opiniões dos homens; o formalismo que exalta a religiosidade; e o legalismo que codifica as exigências da santidade em regras passíveis de observação, logo, incapazes de priorizar a bondade.
O ideal seria que todos os crentes estivessem bem resolvidos nesse particular, preocupados com os órfãos e viúvas, dando pão a quem tem fome e água a quem tem sede, estendendo a mão aos que estão em cadeias, leprosários, hospitais, manicômios, nas calçadas das grandes cidades, preso nos vícios, entre eles dependência química... Desta forma, seriam capazes de mostrar sem palavras a essa sociedade pós-moderna, tão individualista e egoísta, que existe de fato uma diferença entre os que servem a Deus e os que não servem.
Na perspectiva bíblica isso é totalmente possível. Jesus quando viu pessoas com fome, os alimentou; quando viu gente doente e oprimida as libertou; diante do choro de familiares que perderam seus entes queridos, interviu secando suas lágrimas, espantando a morte e devolvendo a vida, ou seja, quebrando a sua agenda para fazer o bem.
O que nós estamos esperando para seguir o exemplo do Mestre?